Novo acordo ortográfico: 7 mudanças que merecem sua atenção

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A grande maioria das pessoas já deve ter ouvido falar no novo acordo ortográfico da língua portuguesa, no entanto, muitas delas ainda não sabem ou não absorveram as mudanças que ele trouxe.

Seu intuito foi unificar a ortografia da nossa língua entre os países-membros da CPLP (Comunidade dos Países da Língua Portuguesa), que inclui não só o Brasil como também Portugal, Angola, Cabo Verde, entre outros.

O acordo entrou em vigor em janeiro de 2009 e, até 2012, foi considerada uma fase de transição. Como estamos em 2017, já passou da hora de aprender de vez as novas regras, não é mesmo? Leia o post a seguir para conferir um resumo delas!

1. Acentuação das vogais tônicas depois de ditongos decrescentes

Dentre as mudanças que o novo acordo ortográfico trouxe, está a eliminação dos acentos agudos quando encontramos o “i” e “u” tônicos (vogais mais pronunciadas) depois de um ditongo decrescente (primeira vogal mais forte que a segunda). É o que acontece em:

  • feiura, Bocaiuva, averigue, oblique.

2. Acentuação dos ditongos abertos

Um ditongo aberto ocorre quando há o encontro de duas vogais pronunciadas em uma mesma sílaba, ou seja, sempre que há uma vogal e uma semivogal formando um fonema aberto.

Antes do acordo, esses ditongos eram acentuados em todas as palavras paroxítonas (que possuem acento na penúltima sílaba). Agora, isso não deve mais acontecer, como podemos ver nos exemplos abaixo:

  • ideia, assembleia, europeia, heroico, joia etc.

Como usamos muitas dessas palavras no nosso dia a dia, temos que tomar muito cuidado para não colocar o acento agudo, automaticamente. Além disso, é importante lembrar que a mudança só se aplica às paroxítonas, enquanto os ditongos em oxítonas e monossílabas continuam recebendo acento:

  • herói, troféu, réu, chapéu, anéis, céu etc.

3. Acentuação de vogais dobradas

As palavras terminadas em “oo(s)” e os verbos terminados em “eem”, antigamente, recebiam o acento circunflexo, como em: 

  • “O vôo do pássaro amarelo”;
  • “Tive uma gravidez com poucos enjôos”;
  • “Torço para que as coisas dêem certo para meus amigos”;
  • “Os alunos lêem muitos livros durante o ano letivo”.

Contudo, com as novas regras do acordo ortográfico, essa acentuação foi eliminada. Logo, não é mais necessário colocar o acento circunflexo nas vogais dobradas, ficando: voo, enjoo, perdoo, abençoo, creem, leem, veem etc.

O principal cuidado a ser tomado nesse caso é não confundir essas terminações com a formação do plural da terceira pessoa do presente do indicativo — quando o acento circunflexo deverá ser mantido para indicar a concordância do número do sujeito e do verbo. Por exemplo:

  • “As meninas têm muitos batons”;
  • “Meus familiares vêm de muito longe para me visitar”.

4. Uso do trema

O trema foi eliminado da forma padrão da língua portuguesa segundo o novo acordo. Antes, o correto era utilizá-lo sobre a letra “u”, em palavras como linguiça, tranquilo, bilíngue, consequência, entre outras.

Atualmente, o sinal gráfico não é mais necessário. Ele só deve ser utilizado quando a palavra derivar de um termo estrangeiro que exija sua presença, o que acontece muito com palavras de origem alemã, como “mülleriano”.

5. Acento diferencial

O acento diferencial servia, justamente, para diferenciar duas palavras que são escritas da mesma forma, mas possuem significados diferentes. De acordo com as novas definições, ele deixa de existir nos seguintes casos:

  • pára (verbo) e para (preposição);
  • pêlo (fio de cabelo do corpo) e pelo (substantivo/preposição);
  • pólo (substantivo) e polo (por+o, preposição arcaica);
  • pêra (substantivo) e pera (preposição arcaica utilizada como para).

Todas elas passaram a ser escritas sem o acento. Mas é importante ficar atento para não confundir a regra e acabar eliminando o acento das formas verbais “pôr” (diferente da preposição “por”) e “pôde” (do passado de “poder”, diferente de “pode”, no presente).

6. Uso do hífen

O hífen foi um dos pontos que mais apresentou alterações. Por isso, reunimos todas elas nos tópicos a seguir.

6.1. Perdem o hífen as palavras compostas que apresentam elementos de conexão, a não ser aquelas ligadas à botânica e zoologia.

  • mão de obra, passo a passo, dia a dia, pé de cabra, cor de vinho etc;
  • joão-de-barro, copo-de-leite, bem-te-vi etc.

6.2. Perdem o hífen as palavras com prefixos de duas sílabas e terminados em vogal, quando a palavra seguinte não começar com “h” ou com vogal igual à última do prefixo. Inclusive, se o segundo elemento começar com “r” ou “s”, a letra deve ser dobrada.

  • autoatendimento, antivírus, infraestrutura, autoaprendizagem, contraindicação etc;
  • anti-horário, anti-inflamatório, micro-ondas, auto-observação etc.
  • contrarregra, minissaia, antissocial etc.

 6.3. Perdem o hífen todas as palavras com o prefixo “co”, “re” e “pre”.

  • coprodução, corresponsável, cofundador, prescrever, reescrever etc.

6.4. Perdem o hífen todas as palavras que apresentam o advérbio “não” como precedente.

  • não fumante, não governamental, não agressão etc.

6.5. Perdem o hífen as palavras compostas por justaposição, que já perderam a noção de composição.

  • girassol, paraquedas, passatempo etc.

 6.6. Mantém-se o hífen quando há o advérbio “bem” ou “mal” e a segunda palavra começa com “h” ou qualquer vogal. Pode ser, ainda, que ela comece com outra consoante, mas, como existe a ideia de composição, os dois termos não devem ser aglutinados.

  • bem-humorado, mal-amado, mal-estar etc.
  • bem-nascido, bem-criado etc.

6.7. Mantém-se o hífen quando os prefixos são “além”, “aquém, “recém”, “sem”, “ex”, “pós”, “pré”, “pró”, “vice”.

  • recém-casado, sem-vergonha, vice-presidente, sem-terra, ex-aluno, pós-graduação, pré-vestibular etc.

6.8. Mantém-se o hífen quando o prefixo termina em “r” e a primeira letra do elemento seguinte também é “r”.

  • super-requintado, hiper-resistente etc.

7. Alfabeto com 26 letras

A mais simples das regras está relacionada à inclusão das letras K, W e Y no alfabeto, que passou de 23 para 26 letras, no total. Apesar de já serem conhecidas pelos brasileiros, ainda não faziam parte, oficialmente, do nosso conjunto de letras. 

Por mais que pareçam mudanças muito pequenas, é fundamental compreender cada uma delas, para evitar erros recorrentes no dia a dia. Sobretudo para as pessoas que estudam, trabalham, estão prestando vestibular ou vão fazer a prova do ENEM, ficar atento a esses detalhes pode fazer toda a diferença para o seu desempenho acadêmico e profissional.

Portanto, tenha as regras em mente na hora de redigir qualquer tipo de texto e tome cuidado com as pegadinhas de algumas questões! Para facilitar a memorização, você pode utilizar técnicas como mapas mentais, resumos ou mesmo repetir todo o conteúdo deste post em voz alta, para fixar as mudanças.

E aí, gostou de saber mais sobre o novo acordo ortográfico da língua portuguesa? Que tal compartilhar este post nas suas redes sociais e permitir que os seus amigos também aprendam as novas regras? Até a próxima!

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