Ao pensar no atual contexto do mercado brasileiro e na presença de mulheres na liderança de organizações e setores comerciais, como você encara essa relação? Sente que ainda falta um bom caminho para alcançarmos um status de sociedade igualitária, em que o empoderamento feminino é respeitado e valorizado?
Caso sim, não deixe de conferir este post. Vamos falar sobre o assunto e apresentar por que, mesmo com avanços sociais notórios, a mulher ainda precisa seguir lutando e fazendo a diferença por meio da educação. Acompanhe!
Os desafios da igualdade de gênero no trabalho
Para falarmos em igualdade de gênero e entendermos o real significado desse termo, precisamos voltar à história do nosso país. Isso porque, infelizmente, a conquista dos direitos das mulheres muitas vezes é abafada ou simplesmente ignorada pela mídia, cultura, política e até mesmo pela sociedade.
Por conta disso, é propagada uma impressão generalizada de que homens e mulheres têm (e sempre tiveram) os mesmos direitos e deveres, liberdade individual, controle sobre o próprio corpo e, é claro, acesso à educação e oportunidades profissionais semelhantes. A questão é que, embora estejamos mais próximos de uma realidade igualitária, construída dia após dia, nem sempre foi assim.
Até os anos 20, por exemplo, mulheres não podiam trabalhar, salvo casos em que os pais, maridos, irmãos ou responsáveis por elas — que fossem, como já é de se imaginar, do sexo masculino — permitissem a realização de alguma atividade profissional remunerada. Do contrário, isso seria visto como motivo de desonra, rebeldia, desprestígio social e, inclusive, falta de moralidade.
É interessante pontuar que, naquela época, elas também não tinham direito ao voto, e qualquer manifestação político-partidária feminina era suprimida pela comunidade, algo que perdurou até os anos 30. Somente na década de 1940 que elas conquistaram o direito de ingressar espontaneamente no mercado de trabalho.
Porém, outra barreira despontou para que elas não obtivessem cargos de expressão nas empresas: a falta de qualificação acadêmica, já que apenas homens podiam obter titulação de bacharelado ou licenciado no país. Logo, isso as obrigava a exercer exclusivamente funções auxiliares nas organizações, pois era o máximo que conseguiam.
Foi somente nos anos 60, a partir da instituição da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, que foi garantido a elas o direito de participar de processos seletivos para instituições de ensino superior e a possibilidade de realizar graduações e pós-graduações.
Rompendo paradigmas com mulheres na liderança
A partir do acesso à educação de nível superior, as mulheres tiveram a chance de quebrar paradigmas, investir em uma vida profissional e desenvolver soft skills que as levassem a ter prestígio, bom retorno financeiro e carreira estável. Com isso, muitas companhias passaram a valorizar o empenho feminino na própria formação e começaram a contratá-las para cargos de gerência e liderança empresarial.
Um processo que não foi simples, nem mesmo rápido como deveria, é verdade, mas que se mostrou presente e firme nas últimas décadas, culminando nos resultados atuais constatados na pesquisa sobre a participação das mulheres na liderança dentro do mercado de trabalho global, elaborada pelo instituto Grant Thornton.
Os dados mostram que 87% dos negócios ativos no mundo contam com, pelo menos, uma mulher em cargo de comando e/ou supervisão de um setor, departamento, pasta ou projeto. Além disso, uma a cada três mulheres já assume papel de líder na empresa em que atua. As principais atividades exercidas por ela são: direção de recursos humanos (43%), gestão de finanças (34%), gestão de marketing (20%) e coordenação de operações internas (18%).
Uma história em construção
Vencer adversidades geradas por uma cultura sexista e que impõe barreiras às conquistas femininas não é algo fácil. É uma luta sem data para acabar e que requer esforços contínuos. Contudo, as mulheres vêm alcançando vitórias diárias nas últimas décadas e encontraram na educação uma plataforma sólida e eficaz para dar não só voz, mas um futuro mais igualitário a elas.
Isso porque, por mais clichê que pareça, a educação é, sim, transformadora. Ela rompe com estereótipos, desmistifica velhas crenças e preconceitos sobre papéis de gênero, coloca as mulheres como indivíduos ativos e relevantes na sociedade, permite uma experiência de formação humanística e integral, gera oportunidades no mercado de trabalho e qualifica a mulher para cargos de liderança e gestão no mundo corporativo.
Não é à toa que o relatório estatístico de 2018 do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) detectou esse movimento de conscientização social em direção ao ensino superior. Tanto é que das 6.394.244 de matrículas registradas em graduações presenciais nesse período, 3.551.116 são justamente de mulheres. Ou seja, 55,53% do total. Um detalhe que é perceptível não somente nas instituições públicas, mas principalmente nas particulares.
Afinal de contas, enquanto as universidades federais e estaduais contam com 50,99% de estudantes do gênero feminino — o equivalente a 971.227 alunas entre os 1.904.554 ingressantes —, as faculdades privadas vão além, com uma margem de 57,46% — o equivalente a 2.579.889 alunas entre os 4.489.690 ingressantes.
Esse resultado não foi diferente no ensino a distância. O Censo EAD do mesmo ano, promovido pela Associação Brasileira de Educação a Distância (ABED), identificou que as mulheres são maioria tanto nos cursos totalmente EAD — com 55,7% das 1.320.025 matrículas ofertadas — quanto nos cursos semipresenciais — com 66,9% das 1.119.031 matrículas ofertadas.
Vale mencionar que, com o aumento de mulheres acadêmicas, é inevitável que aconteça outro fenômeno importante para a quebra de paradigmas e preconceitos na nossa sociedade: elas também já são maioria entre os recém-formados no cenário brasileiro atual. O mesmo levantamento do Inep apontou que 59,50% dos 990.415 concluintes em 2018 eram do sexo feminino.
Graças a isso, o mercado de trabalho passa a ser mais plural, democrático e inclusivo, o que também acaba refletindo em outras questões sociais, como o combate ao racismo, a luta contra a discriminação com base na orientação sexual, os incentivos à integração de pessoas com deficiências (PcDs) nos ambientes laborais etc.
Como você viu, a luta pelo reconhecimento das mulheres na liderança e em demais papéis sociais e profissionais não pode parar, pois há um longo caminho para que a nossa sociedade seja realmente igualitária em questões de gênero. Por isso, é essencial investir em educação como forma de se empoderar e contribuir para mudanças efetivas na comunidade em que vivemos!
Gostou de se aprofundar no assunto? Siga a gente no Facebook, Instagram, LinkedIn e YouTube para conferir debates sobre outros temas contemporâneos!